UM COLO OU UM ABRAÇO
Dias desses, uma cena prendeu a minha atenção. Uma criança de uns dois anos chorava copiosamente e gritava para a sua mãe pedindo colo; todos que estavam na loja ouviam o pedido desesperado.
Um colo, certamente acompanhado de um abraço apertado. Um gesto fácil de ser executado, sem preço ou alta soma em dinheiro.
E de repente, a rotina atribulada, os afazeres intermináveis impediam um par de braços de erguerem e acalentarem aquele ser necessitado.
A inocência e a face vermelha da criança, no esforço de reivindicar da mãe o colo não compreende o compasso do tempo. Daquela mãe cujos braços estão ocupados com mercadorias e que a todo instante observa aquele pequenino ser ao seu lado. Os braços que poderiam oferecer o colo estão ocupado por causa da pressa. É a pressa de realizar tudo: sair, trabalhar , estudar, cozinhar, comprar, dormir. É a pressa para ser feliz, sem refletir que muitas vezes, a felicidade se faz em rápidos instantes. Quantas vezes alguém desanimado se encanta com um simples sorriso de uma pessoa que há muito tempo não via? Ou se acalenta com um abraço de boas vindas?
Apenas um colo, ou um abraço; e tem que ser agora, imediatamente, não é para amanhã, porque ambos também tem pressa. Os sentimentos têm pressa e precisam ser saciados. Porque nem todos têm a coragem de pedir um colo, ou uma abraço, ainda que necessite de ambos desesperadamente.
E talvez por isso, juntamente com o admirável instinto materno, a mãe depositou as mercadorias num canto, ergueu os braços e atendeu o doce desejo da criança. Simples assim.
publicado em 02/05/2014