Caminhava só pela Praça Marco Zero.
A angústia doía-me o peito, dilacerava-me o coração.
Lembranças!...Lembranças!
Entre alfinetadas e espasmos de dor profunda, entro em transe ao sentir sua presença,
Ouço sua voz doce e suave a murmurar aos meus ouvidos.
Caminhamos juntos vendo e sentindo a beleza do estuário,
E lá, do outro lado, figuras embaçadas sobre muralhas de pedras a contemplar minha amarga solidão.
Prédios antigos ao redor, tal qual mausoléus enfileirados,
Cortejos fúnebres de almas vagando soltas à ventania cumprimentavam-me.
Sussurrei inútil seu nome, e o vazio ao redor testemunhava ausência.
Uma tristeza invadia-me o peito escaldante, sentia-me só entre ecos d´alma.
Ao longe, quase sem enxergar, Olinda embebida em cerração,
Seus montes, sítios históricos, ladeiras, igrejas, casarios, museus, para onde fui transportado em pensamento.
Vozes ininterruptas de cicerones contando histórias, revelando segredos, descobertas, datas, fatos, lutas sangrentas, incêndios, escravos mudos e submissos acorrentados.
Paisagem à distância embocada no mar azul infinito; árvores, coqueirais, flores, folhas e frutos, ladeiras, refúgios, abismos, mirante, escadarias, cansaço, suor, lágrimas de encanto.
Conventos, Igrejas olhando uma para outra ou muitas para a mesma, a Sé, a principal.
Presença viva sentia, ao meu lado.
Suspiros e risos, admirações, alegria incontida varando à tarde.
Sol brando, calor escaldante, suor ao rosto ofuscando o olhar embevecido de emoções.
Solidão sentida num olhar vago, sem ver ninguém.
Gritei apavorado com toda força de meu ser... FANTASMA!... FANTASMA!... FANTASMA!...
Medo e exaustão eclodem no interior d´alma.
Dilacerando-me o peito a exclamar a expressão, SAUDADE!
Junho/2013
Publicado em 17/02/2014